Caro Professor


Este blog nasceu após muitas conversas com os colegas professores, no cotidiano das escolas, nas salas dos professores, nos corredores, nos cafezinhos, como também em muitas reuniões.
Fomos descobrindo que a Ideologia, identificada com o neoliberalismo, tornara-se nossa maior inimiga, muito mais até que o próprio Sistema e do governo que o mantém.
Descobrimos que a luta concreta está no ter a consciência de toda influência ideológica no fazer a educação, na atuação dentro da sala de aula, no discurso pedagógico do professor. E que a fala e o agir dos dirigentes governamentais têm se prestado para a manutenção do espírito capitalista na educação.
Longe de nós o fanatismo esquerdista. O problema é que a culpa da educação andar capenga fica somente nas costas do professor. As Secretarias de Educação têm um discurso confuso que utiliza linguagem da esquerda para manter posicionamentos de direita, deixando a impressão que deram toda contribuição e subsídios para que a educação seja transformadora dessa sociedade consumista e do lucro, onde o ser humano vale menos que o capital. Daí este blog que ora apresentamos para sua apreciação e principalmente para sua opinião e debate.

Última atualização em 07 de agosto de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Um pouco de  HISTÓRIA 
A Educação Pública do Estado de São Paulo nos últimos anos
Havia tempos em que professores eram agredidos fisicamente pela polícia militar quando manifestavam contra o sucateamento da escola pública, das péssimas condições de trabalho e baixos salários. Eram resistentes!
A política educacional das escolas públicas do Estado de São Paulo da década de 80 e início dos anos 90 era coerente com o autoritarismo herdado do regime militar. Não garantia na prática um sistema educacional de qualidade para os estudantes, um satisfatório desempenho profissional dos professores por não atender as exigências do plano de carreira, com melhores salários e formação docente. A não implantação de um sistema educacional satisfatório para as camadas populares, e o desinteresse do governo pela ascensão social dessas pessoas somado a outros serviços públicos também ineficientes, resultou na “falência” de alguns políticos causadores do sucateamento do Estado como Srs. Paulo Salim Maluf, Orestes Quércia, e Luiz Antonio Fleury Filho, que tiveram dificuldades em projetar-se em cargos público-políticos de maior expressão nacional ou até mesmo retornarem ao Governo do Estado de São Paulo.

A opção política desses Governos era visível no sistema educacional e compreendido pelos professores, estudantes e toda sociedade, porque havia obstáculos de ordem ideológica imposta na execução do projeto pedagógico e dificuldades estruturais que causavam quilométricas passeatas de professores em greve ocupando as principais avenidas da capi
 tal de São Paulo.
No Governo Fleury Filho havia o projeto “ESCOLA PADRÃO”, visto por alguns como uma exceção diante do sucateamento educacional provocado por esse governo. Mesmo assim funcionava em caráter piloto abrangendo poucas escolas do Estado e voltado apenas há algumas inovações não dando conta de realizar um projeto político pedagógico que iniciasse um debate sobre uma educação voltada para a autonomia escolar e emancipação do estudante.
Nesses governos a política educacional não possibilitava o debate sobre gestão democrática, autonomia escolar, formação continuada dos docentes, mudanças curriculares e sistemas avaliatórios.
A partir de 1995 as escolas estaduais passaram a ser “educadas” pelos princípios neoliberais, os mesmos que há algum tempo vêm dominando o mundo empresarial e  a política econômica mundial. A violência aos professores não se dá mais na condição da agressão física, aliás, as primeiras greves ocorridas no Governo do Sr. Mario Covas, cuja manifestação ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, os manifestantes foram recebidos de portões abertos com acesso aos sanitários, água e café. O ataque, agora, se dá no aspecto abstrato, trata-se de uma violência ideológica.
Surge então, um novo jeito de lidar com a Educação e com os professores. Chega de torturas físicas e de apresentar os docentes como vítimas diante da opinião pública. O governo Neoliberal que tudo impõe, desfigurou a greve dos professores e também decretou o início do fim da resistência em público dessa categoria ao seu modelo perverso de sociedade.

A IDEOLOGIA NEOLIBERAL NA EDUCAÇÃO

Há nos últimos quinze anos uma dissimulação no abandono da escola pública como tática do Governo de São Paulo em administrar o ensino no Estado. Isto é, os sucessivos governos por meio de infinitos projetos realizados por amostragem esconde toda sua intencionalidade de não gerir uma escola de qualidade. Com isso transfere para o campo abstrato, para o mundo das idéias, o descompromisso com uma Educação de qualidade. A ideologia neoliberal instaura a obediência ao sistema educacional atual e é capaz de levar ao imobilismo inclusive os que têm conhecimento crítico dos fatos.
O Neoliberalismo tenta impor no pensamento popular o discurso fatalista que este sistema educacional, que é coerente com o sistema econômico mundial atual a única via possível para gerir a Educação e a sociedade. Tal pensamento é assimilado como verdade absoluta por aqueles que ainda não superaram a leitura ingênua do mundo. Que são muitos! Necessita-se aprofundar urgentemente esta questão.
“A capacidade de penumbrar a realidade, de nos “miopizar”, de nos ensurdecer que tem a ideologia faz, por exemplo, a muito de nós, aceitar docilmente o discurso cinicamente fatalista neoliberal que proclama ser o desemprego no mundo uma desgraça do fim do século.” (Paulo Freire, 2002)
Mariano Marchitiello
Salatiel dos Santos Hergesel

0 comentários:

Postar um comentário